Guarulhos

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

“Uma escola que não cultiva o esporte é uma escola morta”

"O esporte é uma ferramenta de muita importância" (Foto: Silvio Cesar)

A 42ª Olimpíada Colegial Guarulhense se encerrou no último dia 28. Neste ano, 111 escolas participaram da competição colegial. Pela sétima vez seguida o Colégio Nahim Ahmad (Antigo Progresso Centro) foi o grande vencedor do campeonato.
 
No entanto, é a primeira participação com uma nova marca, um novo nome. No dia 2 de agosto, o colégio perdeu o direito de utilizar o nome Progresso em um desacordo judicial com a instuição Progresso Vila Galvão.
 
O pedagogo e diretor da escola há 12 anos, Antônio Bonvenuto Neto, mais conhecido como Toninho, falou à Folha Metropolitana com foi o processo de transição para o novo nome, comentou sobre a educação esportiva, sobre o futuro do colégio no esporte e ainda afirmou: “A escola que não cultiva o esporte é uma escola morta”.
 
FMP - O que é um ensino de qualidade?
 
Antônio Bonvenuto - O ensino de qualidade pra mim é o ensino amplo. É um ensino que você acaba formando um cidadão integral. Estamos sempre em todos os níveis de ensino trabalhando isso. Então ensino de qualidade é aquele que te prepara pra vida, te prepara para os melhores vestibulares do país e a principal função da escola é trazer esse conhecimento para os alunos.
 
FMP - Qual é a importância do esporte dentro da escola?
 
Antônio Bonvenuto - O esporte para nós não é o foco. É uma ferramenta da área educacional, porém nós tratamos essa ferramenta com muita importância. Temos todas as modalidades esportivas, um profissional específico para cada esporte. Isso faz com que a escola tenha um bom resultado na olimpíada, como consequência desse trabalho. Temos atletas de qualidade que servem de espelho para os outros alunos.
 
FMP - E qual o valor do esporte para a educação?

Antônio Bonvenuto - O esporte é uma ferramenta que te traz o respeito, aprende a conviver com regras e aprende a trabalhar em grupo. Trabalhamos com a seguinte filosofia: ‘Mente sã e corpo são’. Então nós temos que trabalhar a mente e o corpo. Os dois em conjunto. E o esporte traz pra nós essa vivência e esse resultado na própria sala de aula. O aluno que faz esporte é mais inteligente do que o aluno que não pratica esporte. Isso é comprovado.
 
FMP - Na disciplina e dentro da sala de aula, qual é a diferença de um aluno que pratica esporte e um que não pratica?
 
Antônio Bonvenuto - Quando digo que o aluno que pratica esporte é mais inteligente do que o que não pratica não quer dizer que ele não tem o conhecimento, mas muitas vezes não sabe utilizar esse conhecimento. Então, quem pratica esporte consegue pegar o conhecimento, o valor cognitivo do que a gente ensina e transformar isso em uma realidade, em uma prática, na vida pessoal e no dia a dia. O esporte traz essa riqueza de relacionamento, de convívio, de experiências que quem não pratica esportes às vezes não tem. Esse elemento é um bom pesquisador, um bom conhecedor, mas sabe só pra ele.
 
FMP - Por que a escola privilegia tanto o incentivo da pratica esportiva?

"A cada ano estamos mais fortes no esporte" (Foto: Silvio Cesar)
 
Antônio Bonvenuto - Isso é um gosto pessoal. Eu acho que todas as escolas deveriam colocar o esporte como meta, assim como colocamos. No desfile de abertura da olimpíada eu coloquei mil alunos desfilando. Se hoje o Colégio Nahim Ahmad não participasse mais da Olimpíada, ela não teria mais graça. Não teria a beleza que nós proporcionamos. Então, todas as escolas privilegiam o esporte, mas nós temos como gosto pessoal.
 
FMP - O que pode acontecer com uma escola que não dá privilégios aos esportes e que não incentiva a prática esportiva entre os alunos?
 
Antônio Bonvenuto - A escola que não participa e não cultiva o esporte, pra mim é uma escola morta. Assim, o aluno não tem identidade com a instituição. Eu aconselho a todas as escolas que ainda não fazem isso que comecem para que a escola tenha vida, tenha dinamismo no trabalho e o aluno tenha honra pelo nome. Porque isso faz a diferença. Quando você estuda em um lugar e se sente orgulhoso por estar lá, você aprende mais.
 
FMP - Explique a mudança de nome de Colégio Progresso Centro para Colégio Nahim Ahmad.
 
Antônio Bonvenuto - Nahim Ahmad é o patrono da escola. Ele foi uma pessoa que dedicou sua vida toda a educação. Vaio a falecer no dia 7 de dezembro de 2009. Desde ai, nós queríamos faze essa homenagem a ele e esse ano nos determinamos a fazer isto e conseguimos.
 
FMP - Tem alguma relação com o Progresso Vila Galvão?
 
Antônio Bonvenuto - Sim. O Progresso Centro e o Progresso Vila Galvão era uma escola só. Era uma sociedade que teve o rompimento no ano de 2000. Desde então as escolas já são concorrentes. Já não era mais a mesma escola, porém possuía o mesmo nome e isso acabava atrapalhando tanto um quanto o outro. Você acaba levando a fama positiva ou negativa de uma das unidades. Assim, tivemos um desacordo judicial pelo nome da escola, onde a Vila Galvão ganhou o direito do uso da marca. Só eles. Portanto resolvemos fazer a homenagem ao professor Nahim, colocando o nome dele no nosso Colégio.
 
FMP - É a primeira olimpíada dos alunos como Nahim Ahmad. A mudança de nome mudou em algo para a escola?
 
Antônio Bonvenuto - Propositalmente, fizemos com que o lançamento desse nome acontecesse na olimpíada. O esporte faz com que o aluno crie uma identidade com a escola. É muito difícil desvincular ainda, mas a olimpíada ajudou muito. Tive uma grande correria pra mudar o fardamento a tempo para os alunos usarem nas competições. Ainda estamos nessa transição.
 
FMP - Como foi a aceitação da mudança de nome para os alunos do colégio?
 
Antônio Bonvenuto - A aceitação foi muito boa. Os alunos criaram uma identidade muito rápido. Essa era a minha maior preocupação. Os alunos terem a mesma credibilidade, a mesma aceitação que a marca Progresso tem há 43 anos. Nahim Ahmad já era idolatrado, todos gostavam muito da pessoa, da filosofia e da proposta, mas não era uma marca e agora virou.
 
FMP - Você acha que a bolsa de estudos que vocês oferecem aos alunos como forma de incentivo ao esporte não acaba atrapalhando no rendimento escolar, já que ele não paga pra estudar?
 
Antônio Bonvenuto - Não. Muito pelo contrário. Ele tem um contrato aqui, onde é obrigado a honrar com a média da escola, ou seja, antes de ele ser um bom atleta ele vai ter que ser um ótimo aluno. Se ele não entrar no esquema da escola e atingir a média, ele não é contemplado com a bolsa.
 
FMP - E como é feito a escolha de alunos que serão contemplados por bolsa de estudos através do esporte?
 
Antônio Bonvenuto - Fazemos um teste de atleta. No final do ano é determinado um período onde os atletas se inscrevem e a gente escolhe quem foram os melhores para ganhar a bolsa de estudos. Em todas as modalidades temos testes e qualquer um estudante pode se inscrever. Além disso, somos olheiros. Se por acaso, estamos em alguma competição e algum atleta de outra escola se destacar, convidamos o aluno para estudar conosco e oferecemos a bolsa para ele competir pela escola.
 
FMP - Nos últimos anos, a escola que mais assustou o Ahmad na pontuação geral foi o Eniac. Você encara o Colégio Eniac como um grande rival?
 
Antônio Bonvenuto - Acabo nem pensando nisso, porque eu tenho um grande respeito pelos profissionais de lá e ainda também tenho intenção de trazê-los para trabalhar comigo.
 
FMP - Pretende continuar investindo no esporte nos próximos anos?
 
Antônio Bonvenuto - Com certeza, a cada ano estamos mais fortes. Mesmo assim, a pontuação da Olimpíada Colegial Guarulhense está cada vez mais apertada. Vamos continuar com a mesma proposta, a mesma filosofia de estar investindo na educação e no esporte e vamos entrar também para ganhar.

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