O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis
(ABIH) do Estado de São Paulo, Bruno Omori, não nega ser um grande defensor da
Copa do Mundo de 2014. Ele acredita que o campeonato Mundial será um marco para
o Brasil e deixará um grande legado em questões de economia, infraestrutura e
principalmente, turismo.
Omori recebeu a reportagem do Metrô News na sede do
Instituto de Desenvolvimento Turismo, Cultura, Esporte e Meio Ambiente. Em
quase uma hora de conversa ele, que é formado em administração pelo Instituto
Presbiteriano Mackenzie e pós-graduado em turismo, entretenimento e hotelaria
na Fundação Getúlio Vargas (FGV), falou da alta capacidade da rede hoteleira do
Estado de São Paulo, do grande número de turistas que virão ao Brasil, da alta
receita que será gerada e até da segurança durante o Mundial. Confira:
Futebol e um pouco mais: Você acredita que a
estrutura dos hotéis foi muito vantajosa para que a Copa do Mundo fosse
realizada no Brasil?
Bruno Omori: Com certeza. É um dos fatores primordiais para a FIFA. Ter
uma capacidade hoteleira instalada, principalmente em relação a qualidade e
quantidade, porque é um evento que, na Copa da Africa recebeu em torno de 320 a
330 mil pessoas estrangeiras. Na Copa da Alemanha recebeu quase 2 milhões de
estrangeiros. Então existe a necessidade de ter uma boa oferta hoteleira para
poder receber sim.
Quantas pessoas o
Brasil receberá nessa época?
Pelos estudos preliminares que foram feitos, contava-se 600
mil turistas estrangeiros, que ficam em média 10 dias no Brasil. No entanto,
nunca em uma Copa do Mundo se teve tanta procura por ingresso, claro por parte
dos brasileiros, por ser o país do futebol, mas nos estamos falando de mais de
25 milhões de ingressos que já foram procurados no site da FIFA. Desses, 10 %
são estrangeiros. 10% de 25 milhões são 2,5 milhões de pessoas que tentaram
comprar ingressos para o Brasil. A tendência é que esse número possa até chegar
próximo a 1 milhão de turistas. Trabalhando no número de 600 mil, se cada um
gastar em torno de US$ 350 são direto US$ 3,3 bilhões durante os três dias da
Copa, direto para o turismo.
O planejamento
turístico para a Copa do Mundo, desde quando o Brasil recebeu o anúncio que
sediaria, está satisfatório?
Em 2008 começou devagar, até porque faltavam muitos anos
para a copa, mas fomos evoluindo, todo mês fazendo reunião, trazendo
especialistas nas áreas de segurança, transporte, hotelaria, gastronomia para
discutir cada um dos assuntos. Agora na reta final, não estamos mais no
planejamento e sim na execução. Por exemplo, estamos hoje com 83 CTs [Centros
de Treinamento], sendo que 38 estão no Estado. São Paulo poderia receber todas
as seleções. Porque que é interessante ter um CT mesmo que não esteja
escolhido? Porque ele fica no catalogo da FIFA, e esse catálogo que tem o
hotel, o CT com aeroporto vai para mais de 200 países e a partir disso fica no
consulado, embaixada, presidência, confederação, e o mais legal, fica em todas
as operadoras internacionais de turismo que vendem Copa do Mundo. As maiores
operadoras tem material do Brasil, que vai ficar como uma fonte para poder
vender para os turistas que quiserem vir para o Brasil. Por isso que nos lutamos
tanto para ter a maioria dos CTs.
O que a Copa deixará
de legado para São Paulo?
O maior legado disparado é o midiático. Só na televisão, os
30 dias da Copa vão ser aproximadamente 27 bilhões de espectadores acumulados
em 30 dias. É o maior evento midiático, que não teria como fazer uma promoção
do Brasil, colocar o Brasil evidência com toda essa força. Sem contar todos os
jornais, TVs, mídias sociais, rádios. Por exemplo, uma rede brasileira em outro
país filmou os jogos da Copa, mas também a Savana na África, foram ver aquela
comida diferenciada que tinha, foram ver museus. E aqui será a mesma coisa. Do
ponto de vista de legado de infraestrutura, São Paulo em 90 % da hotelaria
existente fez um tipo de reforma ou adiantou por causa da Copa. Além disso, por
exemplo, a estação da Oscar Freire, ficaria pronta talvez para 2020, mas como
vai ter a Copa, o ano que vem ficará pronto. Na região do Itaquerão será
construída uma Fatec, um Fórum, uma Delegacia de Polícia, um SESC e um conjunto
de lojas e restaurantes que depois da copa ficara na Zona Leste, onde não tinha
nada. Então surge uma oportunidade para a população mesmo usufruir de tudo
isso. E também uma parte de qualificação, porque quem for qualificado agora vai
continuar atendendo bem, porque já foi qualificado.
O sorteio da Copa foi
bom para São Paulo?
Sim, porque nos temos a abertura, que já é um marco. Vai ser
maravilhoso porque historicamente a Inglaterra é o segundo ou terceiro país que
manda mais turistas durante a Copa, em torno de 16 ou 18 mil. 50 mil uruguaios
entraram na Argentina para a Copa América, será que 50 mil uruguaios não virão
para o Brasil na Copa do Mundo? Vamos ter esse fluxo aumentado principalmente
pelos nossos vizinhos. Depois teremos o jogo do Chile e Holanda, que também será
uma festa. E mesmo o quarto jogo que é Bélgica e Coréia, será bom.Vai ter uma
repercussão mundial da TV coreana para o mundo e principalmente o fluxo de
coreanos que virão para São Paulo. E oitavas de finais para frente são sempre
jogos bons.
O povo ficará seguro
durante o Mundial?
No Pan-Americano do Rio você se sentia ultrasseguro. Além do
contingente normal de Policia Militar, e da Policia Civil, entra Policia
Federal e Exército que vão para a rua. Ficavam em cada esquina três caras com
metralhadora na mão e não aconteceu um acidente nem nada e é isso que vai
acontecer na Copa do mundo. Então toda essa estrutura agregada que vai ser
criada vai permitir que a gente tenha um bom funcionamento e em uma cidade como
São Paulo.
O Irã vai ficar em
Guarulhos. O time ocupará 70% do Hotel Caesar Park. Guarulhos não perderá
hospedes com isso?
Não, porque mesmo que você receba uma seleção pequena como o
Irã, que vem mais para brincar, você tem toda a mídia de lá, todo o grupo de
empresários. Então quando o hotel fecha para uma seleção não tem como ser ruim,
porque o oriente médio inteiro vai estar cobrindo a seleção que está
classificada. Vai ser o representante da comunidade muçulmana no mundo. Isso
vai repercutir. E Guarulhos e a porta de entrada internacional. Tem uma oferta
hoteleira muito boa lá. Fica muito próximo a Itaquera. Mesmo turistas que vão
assistir jogos no Itaquerão, podem escolher Guarulhos. Então Guarulhos
certamente vai ter uma ocupação excelente durante a Copa.
Guarulhos também já
está preparado na questão da rede hoteleira?
Sim. Tem quase oito mil apartamentos. Mais que Cuiabá que é
sede.
Essa proximidade com
São Paulo ajuda?
Muito. No caso de Guarulhos, é a porta receptiva, vai ter
tripulação de todos os países chegando que vai ter que ficar na cidade, vai ter
mídia que vai precisar sair, ficar.
Guarulhos tem um
sério problema de deslocamento. As ruas são pequenas. Existe muito
congestionamento na Dutra. Será que terá um tempo hábil de resolver tudo isso
até junho?
Guarulhos também é uma cidade corporativa. É uma cidade de
negócios, parecida com São Paulo. Não tendo negócios, os hotéis, o fluxo e o
comércio em relação de tudo o que acontece nas indústrias, vão estar parados.
Vai tá totalmente parado. Não vai ter uma convenção de empresa. Então ele vai está
liberado para poder fazer isso. Assim esse problema será minimizado, além de
ser férias escolares e de o setor de transportes de cargas diminuir na época.
Vai ter medidas sensitivas, por exemplo, os caminhões passar em horários dos
jogos. Sai muito ônibus fretado de pessoas que moram em Guarulhos e trabalham
em São Paulo. Não vai ter. Vai ter férias nas empresas. Nos jogos durante a
Copa basicamente vai ser feriado. O fluxo dos jogos acontece fora do horário de
pico. Então todas essas medidas em conjunto, fora a logística que está sendo
pensada basicamente vai garantir que possa ter esse bom deslocamento.
O pessoal que fala:
“Imagina na Copa” estava falando bobagem?
Sim. Ele tem uma
visão pessimista. Nós do turismo estamos trabalhando com uma visão totalmente
otimista, por isso nós falamos da mídia, legado, infraestrutura, fluxo de
pessoas. Então, pensam muito negativo. Quem pensa positivo tem a oportunidade
de crescer. Quantas pessoas tiveram a oportunidade de ter uma Copa do país. O
nosso país que é pentacampeão vai ter. O mundo inteiro vai olhar para o Brasil.
Está na hora do brasileiro ser otimista. Isso pode fazer com que o Brasil
cresça. Esses eventos são a oportunidade de colocar na vitrine e e atrair muito
mais investimentos para o Brasil.
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