Secretário-adjunto Eduardo Rosrigues, Dudu (Foto: Lucas Dantas) |
Que o esporte de Guarulhos está em decadência todos sabem.
No entanto, o que a população e os esportistas do município não imaginam é o
motivo dessa desvalorização, o porquê de uma cidade considerada a Capital do
Esporte Amador na década de 1990 tenha caído tanto de produção quando o assunto
é competição e formação de atletas.
A Folha Metropolitana
foi atrás dessas respostas. O secretário-adjunto, Eduardo Rodrigues, Dudu,
recebeu a reportagem na sede provisória da pasta, onde fica localizada a
Secretaria de Educação, no Macedo. Em um bate-papo que durou mais de uma hora,
Dudu explicou o motivo da queda brusca, o pedido de afastamento dos Jogos
Regionais e Abertos, a falta de apoio ao desporto de competição e muito mais.
Confira a entrevista:
FM – Há clubes
privados esportivos que reclamam da falta de apoio da Secretaria de Esporte. Qual
é o papel da pasta enquanto empresa pública?
Dudu - Enquanto serviço público, temos um papel para com a
sociedade, em todos os níveis de trabalho que o esporte pode propiciar a
população. Nosso trabalho é a prática esportiva, desde as crianças até a
chamada melhor idade. A secretaria não tem responsabilidade de fazer gestão
para o desporto de competição.
FM - Porque a cidade
deixou de participar dos Jogos Abertos e Regionais?
Dudu – Com a participação dos Jogos Abertos e Regionais,
alguns trabalhos não aconteciam na secretaria. Por conta dessa participação
você subvencionava alguma instituição. Nós contratávamos equipes de fora para
nos representar nos jogos que nós não temos aquela modalidade. A equipe de
basuqte que nós tínhamos, por exemplo, acabava tendo que contratar muitos
atletas de fora. Até de outro país. O secretário [Wagner Freitas] não quer
investir dinheiro sem saber onde a equipe vai chegar. Queremos formar atletas
na cidade. A nossa visão hoje é mais para dentro da cidade. A equipe do Wagner
entende que nós precisamos melhorar as nossas praças esportivas, precisamos
melhorar os nossos equipamentos.
FM – Já começaram a
fazer o trabalho de formação de atletas?
Dudu – Sim. Temos responsabilidade com o munícipe, levar o
esporte para onde não tem, massificação. O Wagner quer ver a crianças fazendo
esporte. Sabe em quantas crianças aumentamos esse ano? De 2.500 a 3 mil
crianças. Existem novos núcleos. Tudo isso com o mesmo orçamento, mesma
estrutura. Enxugou-se onde achávamos que não traria retorno. Sai na rua
perguntando para o povo o que é os Jogos Regionais. Agora põe o filho do
cidadão para fazer esporte para ver se ele não sabe o que acontece.
FM – Já tem um
retorno previsto para disputar os Jogos?
Dudu – Se tivermos atletas formados na cidade, retornamos em
2015, porque não vamos contratar atletas de fora. O Wagner [Freitas] que
fortalecer a base. Mais crianças fazendo esporte, mais talentos vão sendo
descobertos.
FM – O presidente da
Wimpro tem motivo para reclamação, com relação à falta de apoio?
Dudu – Não. Temos que deixar claro que existe sim uma ajuda.
O que a gente fica chateado é que ele [Amauri Braga, presidente da Wimpro] toda
semana está aqui. A gente explica por A + B o porquê que ele não recebeu. A lei
foi mudada, ele sabe disso. Tá atrasado, mas não é só a Wimpro, são todas as
entidades, todos os atletas de Guarulhos contratados e todos os técnicos estão
sem receber. Ele se coloca como vítima. Existia uma situação que mudou, nós
tivemos que mudar porque o Tribunal de Contas pediu. Ele quer um regramento
como todas as outras cidades do Brasil inteiro.
FM – O pagamento dos
atletas sai ainda este ano?
Dudu - Sim. Não pagamos ainda por causa de uma questão
jurídica, do novo regramento. Antes pagávamos direto para a entidade privada.
Estava assim a lei. E é errado, o Wagner não quer pagar para uma entidade para
a entidade repassar aos atletas. Agora ele quer pagar direto. O regramento já
está pronto e os R$ 60 mil de auxílio-financeiro já está na Secretaria de
Finanças para ser repassado aos atletas.
FM – Qual é o motivo
para essa queda no esporte de Guarulhos?
Dudu - Antes era diferente. As regras mudaram. Antes não
tinha Tribunal de Contas, Processo Licitatório, Lei de Responsabilidade Fiscal,
Lei de improbidade Administrativa. A Prefeitura só paga serviço realizado. Antigamente,
não era nem um por cento do orçamento para o esporte. Porém, toda a folha de
pagamento era paga pela Prefeitura, não pela secretaria. Imagina hoje a gente
ter 28 milhões para trabalhar no esporte? O que seria para nós? Uma alegria.
Conseguiríamos avançar muito. Tudo é recurso. Se a gente não usar para o João
do Pulo, não poderemos usá-lo. Se não gastarmos no Thomeozão para fazer nossa
sede, não vamos poder usar.
FM - Mas agora é
diferente para todo mundo. Tem tribunal de contas para todos, Lei de
Responsabilidade Fiscal para todos e mesmo assim outras cidades conseguem
valorizar mais o esporte. Guarulhos parou no tempo então?
Dudu - Não paramos. É uma nova secretaria. Estamos em
processo de transição. Todos os municípios estão assim. Não afetou só
Guarulhos. Todos os municípios vão ter que se ajustar. Pelas facilidades que
tinham não tem mais. Agora a secretaria vai ter que se ajustar a esse novo
momento. E já começamos. Na natação, neste ano, nós absorvemos 500 crianças só
para aprender a nadar. Só no João do Pulo.
FM – E porque essas
crianças estão há mais de um mês sem nadar por causa de falta de gás?
Isso é legal você perguntar. As pessoas não sabem. Foi feito
um contrato no ano passado de gás e eles fazem uma estimativa. Gastou-se R$ 170
mil e não deu para 2012. Então foi colocado mais R$ 20 mil para esse ano. Ficou
R$ 190 mil. Só que esse ano fez muito frio. Também não deu. Agora teve que
fazer um aditamento de contrato. Isso é burocrático. Tem que esperar um parece
jurídico. Não é assim. Acabou , paga lá.
FM - Ao invés de
trazer um NX Zero ou a Daiane dos Santos para a abertura da Olimpíada Colegial,
porque não investiram mais no esporte?
Dudu – Toda a abertura da Olimpíada foi captada por meio de
patrocinadores. A participação da Daiane dos Santos, Coral das Meninas do Rio
de Janeiro, show de luzes foi através de patrocinadores que a gente capta
recursos do setor privado. Não saiu do nosso orçamento. A verba do NX Zero foi
pago pela Prefeitura, através da Secretaria de Cultura e custou R$ 45 mil para
abrilhantar o evento.
FM – O Planejamento
de 2014 já foi feito?
Dudu - O orçamento ainda não está aprovado para 2014, mas já
temos uma referência. Em cima disso que nós vamos trabalhar. Vamos esperar a
câmara votar para nós sentarmos e ver como vai ser para o ano que vem. Não dá
para dizer como vai ser, porque ainda não sentamos para fazer o planejamento de
estratégias para 2014.
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