Zé apita jogos de futsal há 18 anos (Foto: Silvio Cesar) |
Eles são xingados durante todo um jogo esportivo. Não agrada lado a,
muito menos lado b. Se a equipe perde, a culpa é deles. As mães, que não
têm nada a ver com o emprego, também sofrem. Há quem diga que não é
profissão, mas eles trabalham demais. Às vezes mais pelo amor do que
pelo dinheiro. Estão ali para impor as regras. Para que o jogo não vire
uma “bagunça”. Estão ali para apitar. Essa é a vida do profissional que
atua como árbitro, o personagem mais odiado do esporte. E, apesar disso,
eles são seres humanos e também ganharam um dia. Hoje, dia 11 de
setembro, é comemorado o dia do Árbitro Esportivo.
José Nailton Pereira, o Zé, que apita os jogos da Liga Ponto de
Encontro do futsal, de Guarulhos, sabe bem o que é isso. Desde 1985 ele
é árbitro de futsal. “Nem sei como comecei. A gente jogava amistoso,
ninguém apitava e sobrava para mim. Tomei gosto pela coisa e estou
envolvido até hoje”, afirma, sorrindo.
Mas nessa vida de juiz, o que ele menos faz é sorrir. Nesses 28 anos
de carreira, já presenciou muitas brigas, apanhou de torcida e, no ano
passado, viu um colega de arbitragem ficar internado por uma semana.
Tomou uma cabeçada de um jogador e teve traumatismo craniano. “Não temos
segurança nenhuma. Quem ajuda é os nossos próprios companheiros e a
‘turma do deixa disso’”, lamenta.
A profissão juiz é só no fim de semana. Nos outros dias trabalha em
uma empresa de segurança, mas pelo cansaço, Zé disse que vai pendurar o
apito no final do ano. “Não aguento mais. Não tenho fim de semana, nem
feriado. É uma loucura”, diz. Mas já pôs os herdeiros para ficarem em
seu lugar. O filho, Daniel, já apita jogos de futsal e sua filha,
Andressa, trabalha como anotadora. “Envolvi minha família para passarmos
o fim de semana juntos, mas cansei dessa vida de ‘ladrão’”, conta, aos
risos.
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