Guarulhos

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Rivais de Guarulhos se unem no Dia do Futebol

Joaquim Mangueira (à dir.) e Ricardo Ageá (à esq.)  (Foto: Alberto Augusto)

De um lado, o cartorário de 36 anos, morador do bairro do Macedo, Ricardo Ageá. Do outro, o empresário de 52 anos, residente do Parque Renato Maia e guarulhense, Joaquim Mangueira. Essas duas pessoas têm algo em comum: a presidência dos únicos times profissionais de futebol da cidade, AD Guarulhos e Flamengo, respectivamente. Hoje, 19 de julho, é comemorado o Dia do Futebol. O Futebol e um pouco mais promoveu o encontro dos mandatários guarulhenses, onde eles puderam debater sobre o futebol na cidade, a falta de estrutura, relembrar velhos momentos do esporte e ainda comentar sobre as suas equipes. 

Considerado um amante do futebol, Ricardo Ageá começou a fazer parte do AD em 2004, quando se tornou um dos conselheiros do time. Em 2007, propôs-se a ser presidente da equipe e até hoje comanda o time. 

“Meu irmão jogou e trabalhou no Guarulhos e como eu sempre amei o futebol, achei que seria uma oportunidade de colocar minhas ideias em prática, mudar algumas coisas dentro do esporte, na cidade, assim me coloquei a disposição para ser presidente do clube”, explicou o presidente.

Joaquim Mangueira nasceu em Guarulhos e se diz apaixonado pela cidade. Desde 2004 ele frequenta o Flamengo de Guarulhos por amar o futebol e achar que a cidade precisava ter uma grande representação no esporte. Em 2011 assumiu a vice-presidência do clube e, em março desse ano, durante a disputa do Campeonato Paulista Série A3, tornou-se presidente do clube.

“Peguei uma bomba. O time estava para ser rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Paulista e o ex-presidente renunciou o cargo, como eu era o vice-presidente, fui assumir o Flamengo. Eu não podia deixar na mão de outras pessoas, se não, nosso planejamento ia por água abaixo”, argumentou o Joaquim Mangueira.

Futebol guarulhense passa por um mau momento

Neste ano, a cidade de Guarulhos não conseguiu engrenar um bom futebol com os seus representantes. O Flamengo brigou para não ser rebaixado para a Série B1 e o AD Guarulhos não passou da primeira fase da segunda divisão do Campeonato Paulista.

"Sou torcedor do Flamengo" (Foto: Alberto Augusto)
“Além de presidente, eu sou torcedor do Flamengo, na última rodada da primeira fase da Série A3 eu estava no estádio acompanhando o time e muito nervoso. Durante dois minutos fomos rebaixados para a Série B, mas por muita sorte, aos 47 minutos do segundo tempo, o Taboão da Serra empatou o jogo com o XV de Jaú e assim permanecemos na A3. Nossa campanha foi muito abaixo do que esperávamos, foi uma decepção”, disse o presidente do Flamengo de Guarulhos.

Com pensamento diferente, Ricardo Ageá elogiou a equipe e todos os jogadores do elenco do Guarulhos: “Nossa participação na segunda divisão foi muito honrosa, dentro dos nossos limites. Meus jogadores não recebem um salário, recebem uma ajuda de custo e mesmo assim foram guerreiros e valentes para brigar até a última rodada da primeira fase da competição”, disse.


Falta recursos e estrutura no futebol da cidade

Guarulhos é a segunda maior cidade do estado de São Paulo e não tem nenhum time profissional na elite do futebol. Questionado sobre isso, Joaquim Mangueira não titubeou para falar: “Falta investimento”, e ainda completou: “Fazer futebol hoje, você tem que ter receita, dinheiro, com isso, você faz um bom planejamento, contrata jogadores, pessoas competentes para gerir o futebol e sem dinheiro você fica impossibilitado de fazer qualquer coisa”, afirmou.

 Ricardo Ageá concordou com Joaquim sobre a falta de investimentos e disse mais em sua resposta: “Falta união na cidade. Guarulhos deveria ter um clube só. Isso ajudaria muito a gente a conduzir um time na primeira divisão. Um time só a força ficaria canalizada apenas para um lado”.

Rivalidade apenas no futebol e na torcida

Apesar de serem considerados rivais por presidirem times da mesma cidade, os dois se conhecem de longa data e preferem deixar a rivalidade apenas para os jogadores e a torcida.

“Não tenho raiva do Flamengo, pelo contrário, quando o Flamengo escapou de ser rebaixado eu liguei para o Joaquim (Mangueira) e o parabenizei, disse que ele era um cara abençoado e que sua estrela tinha brilhado. Ele é uma pessoa muito competente”, contou Ricardo Ageá.

“Eu admiro o Ricardo, a gente que está no meio do futebol entende como são as coisas. Ele está presente no futebol do Guarulhos sozinho e mesmo assim consegue pôr o time pra disputar campeonatos. Não tem como não torcer por ele e por sua equipe”, disse o comandante do Flamengo.

Duelo entre Flamengo x AD Guarulhos

Em 33 anos de profissionalização do Flamengo e 31 anos de AD Guarulhos, quando ainda era o conhecido Vila das Palmeiras, os dois times tiveram apenas uma oportunidade de participar da mesma divisão e jogar um contra o outro, como profissionais da Federação Paulista de Futebol.

Isso aconteceu no ano de 2000, durante a disputa da segunda divisão do Campeonato Paulista. No dia 19 de junho, na 12º rodada da competição, os dois times se enfrentaram. O Flamengo levou a melhor, venceu o jogo por 2 a 0 e naquele ano sagrou-se campeão do Campeonato Paulista Série B1.

Ricardo (Presidente do AD Guarulhos), exibe a camisa do time (Foto: Alberto Augusto)

Um recado para o Dia do Futebol

Como bons entendedores do futebol, Ricardo e Joaquim não podiam deixar de parabenizar o esporte e passar uma mensagem para todos aqueles que fazem parte da modalidade mais disputada e conhecida no mundo.

“Quero dizer que o futebol não vive sem o torcedor. Esses são os maiores valores que um time tem. Não gosto de torcida organizada, gosto de pessoas que vão acompanhar o time não importa como e quando”, falou Ricardo Ageá.

“Meu desejo é que acabe a violência dentro e fora dos gramados. Isso é um mal para o esporte. Quando acabar, esse esporte será bem melhor e mais valorizado”.

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